Uma análise publicada nesta terça-feira (11) pela Trillion Trees traz números positivos para o combate às mudanças climáticas: 58,9 milhões de hectares de florestas foram recuperados desde o ano 2000, o que corresponde a aproximadamente o tamanho da França. De acordo com o relatório, essa área de floresta tem o potencial de armazenar o equivalente a 5,9 gigatoneladas de gás carbônico — mais do que as emissões de CO2 anuais dos Estados Unidos.
Com apenas 12% da floresta original remanescente, a Mata Atlântica é um dos exemplos positivos trazidos pelo estudo, que mostrou regeneração de 4,2 milhões de hectares do bioma brasileiro ao longo das duas últimas décadas. Considerado um hotspot ecológico, a Mata Atlântica é uma das áreas mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas do planeta. Nela vivem cerca de 1,6 milhão de espécies de animais, segundo o Instituto Brasileiro de Florestas.
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Crescimento de florestas nos últimos 20 anos equivale à área da França Alemanha encaminha lei para neutralidade de carbono em 2045 Alemanha apresenta metas climáticas mais ambiciosas Fruto de uma parceria entre as organizações ambientais BirdLife International, Wildlife Conservation Society (WCS) e World Wide Fund for Nature (WWF), a Trillion Trees também revelou que 1,2 milhão de hectares de floresta se regeneraram no deserto do norte da Mongólia durante o mesmo período. Além disso, pontos na África Central e nas florestas boreais do Canadá foram recuperados.
A organização, cujo nome em inglês (Trillion Trees) carrega a ambiciosa meta de regenerar um trilhão de árvores até 2050, observa que os resultados podem refletir a combinação de projetos de restauração florestal, práticas industriais mais responsáveis e o aumento da migração para as cidades. Mas ainda há muito a se fazer.
Para o diretor de Soluções Baseadas na Natureza da WWF do Reino Unido, William Baldwin-Cantello, já está clara qual deve ser a missão para reverter as perdas causadas pelas mudanças climáticas. “Sabemos há muito tempo que a regeneração de florestas naturais é muitas vezes mais barata, mais rica em carbono e melhor para a biodiversidade do que plantar novas florestas”, diz, em comunicado. “Essa pesquisa nos revela onde e por que essa regeneração está acontecendo, e como podemos recriar essas condições em outros lugares.”
Somente a regeneração, no entanto, não basta, ainda mais quando o desmatamento consome mais árvores do que a quantidade que é recuperada. Os autores também alertam que indicativos promissores de florestas regeneradas não podem ser encarados como permanentes. Para manter sua conservação duradoura, por exemplo, a Mata Atlântica precisa superar o desmatamento e, mais do que isso, recuperar sua extensão original em 30% — quase o triplo das áreas remanescentes atuais.
Mesmo assim, os dados do relatório representam um sinal esperançoso e foram celebrados pelo diretor executivo da Trillion Trees, John Lotspeich: “Esse mapa será uma ferramenta valiosa para que conservacionistas, gestores de políticas públicas e financiadores entendam melhor as múltiplas maneiras possíveis de trabalho para aumentar a cobertura florestal para o bem do planeta”, afirma.
Fonte: Galileu